
Meu avô costumava citar uma frase de Camões - o rei fraco faz fraca a forte gente - quando falava na necessidade de um homem público ter grandeza. Pensei nisso, esta noite, vendo o espetáculo deprimente em que se transformou a crise no Senado. Pensei também na falta que nos faz - ao partido, ao Senado e ao país - a figura de Jefferson Péres, morto há um ano. E agora? O que se pode fazer para tirar o Senado da República do pântano em que se encontra? Chegamos ao ponto de Sarney “ameaçar” o Governo Lula com uma renúncia que deixaria a casa sob controle da oposição - franca minoria ali -, criando um uso eleitoral da instituição.
O argumento não é vão. Mas não é pior ainda o desgaste que o presidente Lula está sofrendo na canhestra posição de refém do Sarney? Temos de romper esta prisão.
As instituições, como as nações, nas horas de crise, precisam lançar mão de suas reservas - e o Senado as possui. Tenhamos as divergências que tivermos com suas posições ideológicas ou políticas, há três senadores que têm o respeito da população, como homens honrados, decentes e respeitáveis. Não digo que outros não o sejam, mas não têm o peso simbólico destes três.
Pedro Simon, Cristovam Buarque e Eduardo Suplicy são nomes capazes de restaurar a dignidade do Senado Federal, se a renúncia de Sarney abrir caminho para uma nova eleição para o cargo.
Pode ser assim, se o governo compreender que a renúncia de Sarney não é o fim do mundo, mas, ao contrário, pode ser o início de um novo tempo.
pdtangra12@hotmail.com
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