terça-feira, 6 de outubro de 2009

CRISTOVAN E O GRANDE, E POSSÍVEL PACTO. RIO 2016.



De volta do Egito, onde participou de um seminário do Pnud sobre a pobreza no mundo, Cristovam Buarque propôs da tribuna a criação de um pacto nacional para possibilitar que a conquista das Olimpíadas de 2016 tornem-se um marco transformador do Rio de Janeiro e do país. Ao observar a união que possibilitou a vitória do Brasil, associando figuras como Pelé, Paulo Coelho, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o governador Sérgio Cabral, Cristovam comentou que essa capacidade de união tem que ser usada em benefício do país. "Na hora em que o Brasil quer, ele consegue fazer um pacto que atravessa governos. O que nós conseguimos com as Olimpíadas de 2016 foi através de um pacto que vai envolver três governos diferentes: o governo do Presidente Lula, do seu sucessor e do sucessor do seu sucessor. Nós conseguimos um pacto que atravessa governos, o que é muito raro no Brasil, em que cada governo só pensa em si", observou Cristovam.



Por que então, pergunta Cristovam, o Brasil não se organiza para fazer outros pactos do mesmo tipo para resolver os problemas do país? Dentro das próprias Olimpíadas, Cristovam propõe alguns pactos. "O primeiro é garantir ao povo brasileiro que nós vamos realizar essas Olimpíadas sem aumentar o déficit público, sem deixar que volte a inflação e sem tirar dinheiro de outros setores importantes da sociedade, da economia brasileira, para financiar os jogos olímpicos", sugere ele.


"Se as Olimpíadas vierem para o Brasil à custa de uma redução nos gastos com educação, saúde, segurança e transporte urbano das outras cidades que não o Rio de Janeiro, essas Olimpíadas estarão enganando", alerta Cristovam. "Nós não queremos uma olimpíada que seja apenas circo, como os romanos já faziam há mais de dois mil anos, para manterem o povo quieto, calado, contente, iludido", continua.


O segundo pacto proposto é um esforço para que não sejamos apenas a sede das Olimpíadas, mas que realmente nos tornemos protagonistas em número de medalhas. De todos os países que já sediaram os Jogos, o Brasil é o que tem menos medalhas em proporção ao número de habitantes. Para ganharmos medalhas, insiste Cristovam, temos que começar a investir agora no esporte e na educação de nossos futuros atletas. "O lugar de identificar novos atletas é na escola", lembra Cristovam. "O que vão dizer lá fora quando souberem que vamos sediar uma Olimpíada, mas são raras as escolas públicas que têm quadra esportiva?", questiona o senador. Vão concluir, provoca Cristovam, que faremos aqui uma grande festa para os outros.


Além desses, Cristovam propõe pactos não relacionados com os Jogos, mas que se aproveitem deles. Um pacto, por exemplo, para que até a data das Olimpíadas, não haja mais brasileiro analfabeto. Outro pacto para que se implante o piso nacional do magistério. Para que haja escola pública de qualidade, com tempo integral.


"Façamos um pacto nesse País para que possamos dizer que no Brasil não apenas somos capazes de realizar grandes festas das Olimpíadas, mas somos capazes também de transformar o nosso País", pregou Cristovam. "Façamos um pacto, um pacto olímpico pelo Brasil."

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