quinta-feira, 8 de outubro de 2009

BRASIL ENTERRA SEUS MORTOS.



Trinta e sete anos após desaparecer, o guerrilheiro do Araguaia Bergson Gurjão Farias pôde finalmente ser enterrado na presença de sua mãe, de 94 anos, e de outros membros da família. Amigo de juventude e companheiro de lutas do ativista político cearense, o senador Flávio Torres (PDT-CE) compareceu ao velório e ao enterro realizados nesta segunda-feira (05) no cemitério Parque da Paz, em Fortaleza. As homenagens aconteceram na Concha Acústica da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde o estudante cursava Engenharia Química. “Infelizmente, Bergson não viveu para ver a democracia pela qual morreu. Mas certamente a sua luta inspirou aqueles que transformaram o Brasil”, afirmou Torres.


Os restos mortais de Bergson chegaram em um caminhão do Corpo de Bombeiros e o enterro teve honras de Estado, com a execução do Hino Nacional e a proclamação de versos do Hino da Independência. O caixão permaneceu lacrado. Amigos dos tempos de militância se emocionaram em discursos sobre a trajetória do primeiro guerrilheiro a ser morto no Araguaia. No momento da descida do caixão, a mãe de Bergson, Luiza Gurjão Farias, rompeu o silêncio: “Se eu pudesse escolher, ele ainda estaria perto de mim”. A irmã Ielnia, também torturada durante a repressão, falou dos “sentimentos tumultuados”: “Estamos com alegria porque Bergson chegou. Mas com a tristeza da certeza (da morte). Ele tinha suas convicções e lutou por elas. Herói é o que defende seus ideais”.


Bergson Farias desapareceu na Guerrilha do Araguaia, em 1972, então com 25 anos de idade. Segundo o testemunho de militantes, o cearense foi dependurado em uma árvore e morto a golpes de baioneta. A ossada de Bergson foi localizada somente em 1996, numa escavação feita na região do Araguaia. Mas a confirmação da identificação de seus restos mortais ocorreu apenas em julho deste ano, por meio de exame de DNA.

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