segunda-feira, 12 de abril de 2010

ARTIGO: A POLÍTICA DO MURO.

"A culpa das mortes é da irresponsável ocupação desordenada de áreas irregulares, das encostas, por isso eu quero construir muros nas favelas, para impedir a expansão das favelas! Veja a onde estão as mortes. São os mais pobres que morrem, por isso, temos que ser cada vez mais duros na disciplina da ocupação do solo urbano, com aparato da polícia. Já falei com os prefeitos: contem com o Governo do Estado!" Governador Sergio Cabral (GloboNews, 06/04/2010, 12h30).

Em Varsóvia o exército alemão na segunda guerra construía guetos para colocar isoladamente os judeus, eram basicamente bairros isolados da cidade por muros e portões, desta forma Hitler poderia facilmente não só controlar como identificar e exterminar os judeus. É difícil entender a política do Governador do Estado do Rio de Janeiro, a culpa dos desastres ocorridos na cidade maravilhosa nestes últimos dias não só é do pobre como a uma imensa necessidade do povo do estado em isolar estes para que a tragédia não chegue a bairros como Lagoa, Flamengo, Botafogo, Copacabana e centro do Rio. Pelo que eu saiba a política habitacional do estado e do município é que deixa muito a desejar, ineficiente, incoerente, deficitária, e como política e atuação publica totalmente equivocada. Este governo de múltiplas facetas e eventos como copa do mundo e olimpíadas, de exclusão social e que gosta, segundo a própria declaração do governador, de se redimir dos compromissos políticos e sociais e colocar a culpa no pobre favelado que não pode nem se defender de tais acusações, Serginho Marreta ataca de novo sem papas na língua e sem a menor cerimônia, com toda esperteza do mundo fazendo da tragédia alheia, sua chance de ouro para mobilizar a classe media e alta contra o pobre coitado que está espremido entre o perigo da moradia e o sem ter para onde ir. Quero lembrar ao governador que na história recente, o gueto de Varsóvia ficou famoso pela resistência que ofereceu à dominação nazista durante a Segunda Guerra Mundial, tendo sido praticamente destruído pelas tropas invasoras, que pelo jeito é o que quer o mandatario do estado, destruir a pobreza acabando com o pobre, perfeito, cortar o mal pela raiz literalmente.

O pior é o PDT se coligar com este homem, vindo a reboque de suas declarações, é inaceitavel que um partido que sempre tentou resolver a ocupação e solucionar a moradia dos mais necessitados, permitir a politica do muro, que se construa guetos para a população carente usando, segundo declaração do próprio governador, a própria força. O companheiro Valim, o companheiro Porfirio e outros que colocaram suas posições contrárias a esta ação do governo, assim como todos os companheiros da Rede PDT podem e devem se manifestar a estas declarações de oportunismo do governo estadual, colocando a responsabilidade de sua falta de governo, nos barracos de madeira mal feitos e precariamente cobertos, afinal de contas pobre não tem dinheiro. Apelo a executiva regional, aquela que tem poder de decisão no estado, que desfaçam esta engendrada ideia de se coligar com o PMDB, com o governador Sergio Cabral Filho, com as benções do prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes, os companheiros da executiva podem e devem incentivar a iniciativa de candidatura própria ao nosso glorioso pardido fundado por Leonel de Moura Brizola.

Paulo Silva, cineasta/roteirista/filiado ao PDT desde 1989.

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