Época
por afontenelle
categoria Uncategorized
No seminário sobre Copa-2014 realizado esta semana na Assembleia Legislativa de São Paulo, o representante do Ministério do Turismo, Marcelo Pedroso, deu uma declaração no mínimo curiosa. Ao explicar os esforços do governo para divulgar uma imagem positiva do Brasil no exterior até 2014, ele saiu-se com esta:
“Já procuramos distanciar o Brasil de uma imagem preconcebida de palmeiras, coqueiros, e focar em transformar a imagem do Brasil como um país diferenciado, que produz tecnologia, grande exportador e que possui uma vasta diversidade cultural.”
Hã?
OK, foi apenas uma frase infeliz. Não acredito que o Ministério do Turismo tenha algo contra a imagem do Brasil como um país de “palmeiras e coqueiros”. Eu, particularmente, sou favorável aos dois.
O problema, porém, é mais sério que uma simples questão de escolha errada das palavras.
Se entendi bem, o Ministério quer vender o Brasil no exterior como um país “exportador” e detentor de “alta tecnologia”.
Já estou imaginando americanas, europeias e japonesas dizendo: “Querido, vamos passar as férias no Brasil? Parece que é um país que produz tecnologia e é grande exportador”.
Perdoem-me os executivos do ministério, mas acho que ainda por um bom tempo o principal atrativo do Brasil para os estrangeiros serão as palmeiras e os coqueiros. E não há mal algum nisso.
O problema no discurso oficial do representante do ministério, no fim, não é o que foi dito, e sim o que não foi dito. Faltou a Pedroso a ousadia de enunciar o que, creio, no fundo era o que ele queria dizer:
Turismo sexual.
Tivesse ele dito que o ministério quer livrar o Brasil da imagem de paraíso sexual para primeiro-mundistas priápicos; e que é preciso evitar que a Copa do Mundo de 2014 atraia para cá um tipo de turista mais interessado em bacanais que em futebol, todos teriam entendido.
No entanto, na palestra de meia hora, Pedroso não tocou no assunto.
Sabe-se que, infelizmente, uma parte maior do que gostaríamos dos 5 milhões de estrangeiros que visitam o Brasil todos os anos vem para cá fazer o que não tem coragem, ou liberdade, para fazer em seus próprios países. É uma chaga sobre a qual os responsáveis pelo turismo nacional fazem muitos discursos, mas tomam poucas atitudes, talvez com medo do impacto econômico de uma blitz contra o turismo sexual sobre o setor de viagens.
É preocupante, portanto, que o ministério trate com meias-palavras de um tema tão grave, e que a imprensa estrangeira não deixará de abordar nos anos que antecedem a Copa de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário