Toda a mídia carioca, de forma passional, encampa as possíveis perdas produzidas pela mudança proposta de alteração nas distribuições dos royalties. É de certa forma, compreensível. No entanto se olhamos um pouco para trás, avistamos detalhes que possibilitaram que as coisas chegassem a este ponto. O nosso governador, que hoje chora, foi por demais imprudente quando a conversa começou a acontecer. Ao invés do diálogo, preferiu o enfrentamento. O diálogo é sempre salutar, estando em minoria, primordial. Quando da primeira proposta, onde só os municípios perdiam, conversa esta travada em reunião noturna no palácio de Brasília, o governador se manteve em silêncio oportuno. Águas passadas.
Voltando a questão, o passionismo da média carioca, que pauta suas reportagens apenas neste tema, dá para entender como forma de venda de produto, no caso, jornais. No entanto apequena o debate. Gera um sentimento de fratricismo desnecessário para o Brasil. Cria nas pessoas a sensação de que estão a ponto de entrar em guerra contra seus irmãos brasileiros. Isso não é bom.
A questão é bastante mais ampla. Na verdade estamos discutindo a repartição de algo que deverá se iniciar, a exploração em si, por volta de 2016. Devendo estar em nível comercial por volta de 2020. O mais importante que é: o que fazer com estes recursos? Parece que foi deixada de lado, prevalecendo as besteiras e o desperdício, hoje promovidos tanto pelo estado quanto pelos municípios recebedores dos royalties. Ao se verificar o IDH dos municípios recebedores, percebemos com clareza, que esta riqueza vem sendo aplicada na vala comum dos gastos desnecessários. Abusivos, espalhafatosos. E de forma não incomum, nos ralos da corrupção.
Países diversos, possuidores desta fonte de divisas chamada petróleo,trilharam por diferentes caminhos. E como não poderia deixar de ser, os resultados também foram antagônicos. Os Sheiks, árabes,por exemplo nadam em fortunas enquanto o povo vive com dificuldades e oprimidos. Cháves, com uma das reservas mais importantes da região, agora pede para que as pessoas não acendam as luzes. A Noruega, com a criação de um fundo especial, onde direcionou os recursos advindos destas jazidas para educação, saúde e desenvolvimento, mostra ao mundo como deve ser. Recuperemos o foco.
Por fim, como não poderia deixar de ser, quando queremos nos imiscuir de culpas, precisamos de um bode, o expiatório. Neste caso temos um: Ibsen Pinheiro. Convém lembrarmos que o deputado Ibsen apresentou a emenda com mais dois parlamentares. A mesma foi a votação com a complacência do governo, senão não subiria. A derrota, acachapante, dos interesses de nosso estado, somado aos de nossos vizinhos, São Paulo e Espírito Santo, só não foi prevista por um indiano que mora na Somália e só fala javanês. Da mesma forma podemos esperar pela decisão do senado. São três senadores por estado, dentre os 27 entes federados, apenas três, já citados sofrem estas perdas. Alguém espera que no voto, sem negociações sérias e plausíveis podemos vencer? Enquanto isso: vamos bater no bode.
Cláudio Erick. Apenas um cidadão.
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