quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA.

Christopher Goulart, presidente da Associação Memorial João Goulart
Na famosa obra de Gabriel Garcia Marques – “Crônica de uma morte anunciada”, sabemos desde o início que uma morte é dada como certa, mas essa revelação em nada diminui a curiosidade do leitor até o final da história. Pois bem. Temos algo semelhante no processo eleitoral deste ano. Todos nós sabemos que o eleitor vai fulminar o projeto de nação Neoliberal do passado de FHC, ou então, o atual, de Lula, com índices de desenvolvimento favoráveis ao país. Invariavelmente, tudo indica que a escolha será fundamentada pela comparação das gestões presidenciais do PSDB e PT. Em recente declaração pública a um jornal americano, The Miami Herald, o ex-presidente tucano atacou Dilma, sentenciando: “O coração de Dilma é mais próximo da esquerda”. Uma provocação visando à confrontação costumeira entre a conhecida “direitona” e a esquerda. O fato é que um importante fator de escolha entre um ou outro sempre será a opção pelos pequenos e pobres, pois eles não têm nada a esconder, e desnudam toda e qualquer ideologia. E ser de esquerda é optar pelos pequenos e pobres.

Ideologias à parte, em tempos de liberdades democráticas, tal realidade eleitoral lembra à época de ditadura militar, onde apenas a Arena e o MDB exemplificavam a insensatez do bipartidarismo. Por mais que a atual Constituição brasileira garanta ampla liberdade partidária, o que se observa na prática é a polarização eleitoral em dois blocos. Que bom seria se por Lei, obrigatoriamente, todos os partidos pudessem lançar candidatos em condições iguais num primeiro turno, para deixar as coligações apenas ao segundo turno. Certamente, raposas conhecidas da política tradicional cairiam como castelo de cartas. Mas não. A idéia eleitoral que se quer transmitir é a de que temos que votar já no primeiro turno entre Dilma e Serra. Vivemos num país pluripartidário, com a garantia de participação plena de todas as correntes partidárias. Visto isso, a manipulação descarada das oligarquias políticas, pregando interesses individuais no processo eleitoral é uma manobra que deve ser observada pelo eleitor, sob pena de testemunharmos constantemente a crônica de uma morte anunciada.

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