terça-feira, 23 de novembro de 2010

A CARNE NOSSA DE CADA DIA.


Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC

A carne está pesando cada vez mais no bolso do consumidor. E a expectativa para as próximas semanas não é animadora. "É possível que os preços subam mais que 5% em duas semanas", alerta o assistente de coordenação do IPC-USCS/ABC (Índice de Preços ao Consumidor da região da Universidade Municipal de São Caetano), Lúcio Flávio Dantas.


Entre o primeiro dia de novembro de 2009 e o último dia de outubro, a inflação das carnes aos consumidores do Grande ABC atingiu 15,6%. Mas problemas na produção devem elevar esse encarecimento.
Conforme a Cepea/Esalq-USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - Universidade de São Paulo), o preço do boi atingiu seu maior patamar histórico, com R$ 115 por arroba, na semana passada. Esse é o valor que os frigoríficos pagam para os produtores.
A pesquisa teve início em 1997. O encarecimento acumulado no ano beira os 50%, o que dá margem para que o consumidor sofra com novas altas nos próximos dias.
Dando continuidade à cadeia do segmento, os frigoríficos também elevaram seus preços. E segundo a Cepea/Esalq-USP, a carne no atacado tinha, na semana passada, o maior preço dos últimos 13 anos, com R$ 7,21 por quilo.

SECA
O aumento nos preços das carnes está atrelado a problemas na produção do gado. Dantas explica que um dos fatores são as secas nas regiões produtivas. Este extremo climático eleva o custo de alimentação dos animais, tendo em vista que a pastagem não suporta a criação e os produtores investem mais em rações.
Por outro lado, o economista do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) André Braz coloca a demanda como fato estimulante ao encarecimento. "Temos aumento na exportação e demanda interna aquecida." Conforme dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a exportação de carne neste ano foi 10% superior a 2009 no mesmo período.
Braz ressalta que o aumento na procura, com falta de estímulos para o produtor de gado nos últimos anos, resultou em incentivo ao abate de reprodutoras, para complementar a oferta. E o processo de reposição é longo, devido ao crescimento dos animais até o ponto de abate.
  
FEIJÃO
No Grande ABC, o feijão encareceu 53,2% no período de 12 meses encerrado em outubro. E o problema é, em grande parte, nacional. O mercado externo não tem abertura para esse produto como ocorre com a carne. E o clima também é vilão nessa cultura.
De acordo com o economista do Ibre-FGV André Braz, o Estado da Bahia figura entre os principais produtores do grão. "E ao invés de seca, choveu 70 milímetros por lá. A previsão era para 20 milímetros", explica.
O excesso de chuvas nas regiões de plantação prejudicam a cultura e a oferta cai. Por outro lado, a procura pelo feijão no mercado continua a mesma. Este movimento encarece o preço do grão e, normalmente, é repassado ao bolso dos consumidores.


pdtangra12@hotmail.com

Nenhum comentário: